História do Atari 2600
Fundada em 1972 pelos
americanos Nolan Bushnell e Ted Dabney, a Atari foi uma das empresas pioneiras
do mercado mundial de games, sendo a responsável pela popularização e difusão
dos jogos em âmbito mundial. A marca se consolidou após o lançamento de Pong para
fliperamas. Todavia, a grande revolução ocorreu em 1977 quando lançou, nos
Estados Unidos, o VCS (Video Computer System) – ou simplesmente Atari 2600, que foi projetado
por Jay Miner. O console chegou ao Brasil em 1983, tornando-se um fenômeno de
vendas entre os anos de 1984 a 1986 e seus jogos permanecem na memória de
muitos que viveram a juventude nessa época.
Em 1973, a Atari comprou a Cyan Engineering, uma
empresa de engenharia de jogos, e iniciou o desenvolvimento de um sistema de
video game de nova geração, e trabalhava em um protótipo conhecido como
"Stella". Diferente de máquinas de gerações passadas que usavam lógica
de programação própria e fixa para rodar um pequeno número de jogos, o núcleo
do Stella era composto por uma CPU completa, o famoso MOS Technology 6502,
porém em uma versão reduzida, conhecida como 6507. Eram utilizadas a combinação
de chips de RAM e E/S, o MOS Technology 6532, um chip de display e o som de
design próprio conhecido como TIA, de Television (Televisão) Interface (Interface)
Adaptor (Adaptador) .
A equipe de
desenvolvimento estava bastante empenhada, pois buscava lançar o produto antes
que outros similares chegassem ao mercado. Após algum tempo de desenvolvimento,
a equipe contratou Jay Miner, um desenvolvedor de chip que concentrou vários
circuitos em um único chip, tornando o TIA um chip único. Uma vez completo e
testado, o sistema estava pronto para a venda. Na data de lançamento, em 1977,
o desenvolvimento tinha custado aproximadamente 100 milhões de dólares. O preço
inicial foi de 199 dólares, tinha 9 títulos(jogos) e foi um sucesso.
Lançamento e sucesso
Primeiro modelo do
Atari 2600, o Heavy Sixer.
O preço inicial foi de 199 dólares e
tinha 9 títulos.
Na tentativa de competir diretamente
com o Fairchild Channel F, a Atari chamou a máquina
de 'Video Computer System' (ou VCS abreviando), pois o Channel F era nessa
época conhecido como o VES, de Video Entertainment System.
Segundo modelo do
Atari 2600, o Light Sixer.
O 2600 também foi apelidado SVA de Sears
Video Arcade e vendido pelas lojas Sears-Roebuck.
Quando Fairchild ficou sabendo do
nome dado pela Atari, eles rapidamente mudaram o nome de seu sistema para
Channel F, porém, os dois sistemas estavam no meio de várias reduções de
preços: os clones de PONG estavam obsoletos por essas máquinas mais novas e
poderosas. Logo, muitas dessas companhias de clones estavam fora do mercado, e
tanto a Fairchild como a Atari estavam vendendo para um público saturado de
jogos Pong.
Terceiro modelo do
Atari 2600, o Woody.
Em 1977, a Atari vendeu apenas 250
000 VCSs. Em 1978, apenas 55 000 de uma produção de 800 000 foram vendidos, e
foi preciso ajuda financeira da Warner para cobrir prejuízos. Isso causou
discordâncias e causou a saída do fundador da Atari, Nolan Bushnell,
em 1978.
Uma vez que o público descobriu que
era possível jogar jogos diferentes de Pong e os programadores aprenderam a
alcançar os limites do hardware, o 2600 ganhou popularidade.
Quarto modelo do
Atari 2600, o Vader.
Nesse ponto, Fairchild tinha
desistido do mercado, achando que vídeogame era um mercado de moda passageira.
Dessa forma, a Atari pôde ocupar mais facilmente o então crescente mercado. Em
1979, o 2600 foi o presente de natal mais vendido, principalmente por seus
jogos exclusivos. Milhões de consoles foram vendido esse ano.
A Atari licenciou o grande sucesso
de arcade Space Invaders da Taito,
o qual aumentou ainda mais a popularidade do console quando foi lançado, em
maio de 1980, dobrando as vendas novamente para mais de 2 milhões de unidades
vendidas.
O 2600 e seus cartuchos foram o maior
fator por trás do gigantesco lucro da Atari, de mais de 2 bilhões de dólares em
1980.
As vendas dobraram novamente pelos 2
anos seguintes, com venda de quase 8 milhões de unidades em 1982.
Nesse período, a Atari expandiu a
família 2600 com outros dois consoles compatíveis. Eles construíram o Atari 2700, uma versão sem fio do console,
que nunca foi lançado por causa de uma falha de design.
A companhia também construiu uma
versão menor e arredondada da máquina, apelidada de Atari 2800,
para vender no mercado japonês no início de 1983, mas esse sofreu com a
competição do recém lançado Nintendo Famicom.
No Brasil, o lançamento do Atari 2600
ocorreu em setembro de 1983, fabricado pela Polyvox.
O primeiro lote enviado às lojas era composto de 30 mil unidades, com um preço
sugerido entre 180 e 200 mil cruzeiros.
A Atari continuou a crescer até possuir uma das
maiores divisões de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) do Vale do Silício.
Todavia os projetos começaram a não serem mais concretizados e várias
tentativas de criar novos consoles falharam por alguma razão, além disso os
membros da equipe começaram a ficar cada vez mais descontentes com a companhia
que não dava créditos aos desenvolvedores de jogos. Muitos outros programadores
deixaram a companhia e formaram suas próprias empresas, onde a mais proeminente
e duradoura dessas empresas foi a Activision, fundada em 1980. Os títulos da
Activision rapidamente se tornaram mais populares que os da própria Atari.
Apesar de não estar descontinuado
formalmente, o 2600 não foi desenfatizado por dois anos depois da venda da
Atari em 1984 pela Warner para Jack Tramiel (fundador da Commodore), que queria
se concentrar em computadores pessoais.
Ele congelou todo o desenvolvimento
de jogos de console, incluindo o jogo Garfield para o Atari 2600 e o port Super
Pac-Man para o Atari 5200. Em 1986, uma nova versão do 2600 foi
lançada. A nova versão redesenhada do 2600, chamada não oficialmente de 2600
Jr., apresentava uma forma reduzida e mais barata, com uma cara mais moderna
muito parecida com o Atari 7800.
O 2600 redesenhado foi vendido como
sendo uma plataforma de jogos mais barata (abaixo de 50 dólares) que tinha a
possibilidade de rodar uma vasta biblioteca de jogos clássicos. Com sua
reaparição veio o ressurgimento de desenvolvimento de software da Atari e de
algumas empresas terceiras (notavelmente a Activision, Absolute Entertainment, Froggo, Epyx, e Exus).
O Atari 2600 continuou a ser vendido
nos EUA e Europa até 1990, e na Ásia até o começo de da década de 1990. A
última versão licenciada do 2600 a ser lançada foi o KLAX em 1990. O
console também foi muito popular no Brasil. Até 1983, quando foi oficialmente
lançado no Brasil, pela Polyvox em parceria com a Atari, a plataforma tinha de
ser importada, mas o sistema de TV NTSC era incompatível com o sistema de TV
brasileiro PAL-M e assim, precisavam de uma conversão, que muitas vezes
alterava as cores originais dos jogos, de modo que os Atari 2600
comercializados no Brasil, tiveram várias revisões. As primeiras sofriam de um
superaquecimento do regulador de tensão da placa principal, fazendo o videogame
travar, gerando a lenda de que o cartucho tinha de ficar frio e assim, muitos
deles tiveram seus rótulos furados, para a tristeza dos colecionadores. Muitos
clones da plataforma foram fabricados no Brasil por marcas como Dactar, Dismac,
Microdigital, CCE e Dynacom, que, além da plataforma, também faziam acessórios
e comercializavam os jogos, muitas vezes adulterando-os para que aparecessem
sua marca ao invés da marca original, ou que a suprimisse, criando uma
indústria paralela de cartuchos piratas, hoje bastante procurados por
colecionadores estrangeiros.
Através de sua vida, foi estimada a
produção de 40 milhões de unidades e sua lista de jogos é de mais de 900
títulos comerciais até 1991, sem contar muitos "homebrew games",
desenvolvidos por programadores independentes.
O Atari 2600 foi oficialmente
aposentado no dia 1º de janeiro de 1992, tornando-se o videogame de maior vida
na história de jogos dos EUA. Ele teve uma vida útil de 14 anos e 2 meses -
aproximadamente três vezes mais que a vida 'normal' de um console.
Muitos programadores ainda fazem
jogos novos para o Atari 2600, utilizando-se inclusive de ferramentas modernas
de programação como o Visual Batari Basic, enquanto outros optam por explorar
suas habilidades em Linguagem de Máquina ("Assembly 6502") utilizando
o hardware do Atari 2600 como referência devido ao desafio de se programar algo
significativo numa plataforma limitada e sem BIOS, ou seja, todas as rotinas do
programa, incluindo entradas, saídas, som e controle de vídeo, não são
pré-programadas numa ROM como outras plataformas (como o Odyssey2, também muito
popular no Brasil na época do auge do Atari 2600) e têm de ser programadas
muitas vezes "do zero".
O console e seus velhos e novos jogos
são muito populares entre colecionadores por causa de seu importante impacto na
história dos video games e eletrônicos e também por seu valor nostálgico em
muitas pessoas. Por isso, muitos clones modernos do Atari 2600 ainda estão no
mercado. Um exemplo é o Atari Classics 10-in-1 TV Game produzido
pela Jakks Pacific, que simula
o console 2600 e inclui versões convertidas de 10 jogos em um joystick parecido
com o joystick do
Atari que tem os cabos para ligar em televisores modernos.
Cartuchos especiais modernos, como o
Krocodile Cart e o Harmony, permitem que se arquivem várias ROMS de jogos
neles, de modo que possam ser selecionados através de um menu.
O símbolo da Atari se tornou um
logotipo-ícone da cultura pop.
A maioria dos jogos usam 2 kB e 4 kB,
capacidade máxima do sistema. Jogos maiores foram criados usando uma técnica de
programação para troca de ROM, chamado Bankswitch.
Geralmente estes jogos tinham de 8 kB a 16 kB. O primeiro jogo a usar
bankswitch foi o Asteroid (8
kB) e o cartucho de maior capacidade do Atari 2600 enquanto ainda era
produzido, possuía 64 kB, foi o Megaboy
cart, desenvolvido no Brasil pela Dynacom.[6]
Pela limitação de RAM (apenas
128 bytes) alguns cartuchos foram projetados com memória RAM adicional,
expandindo para 256 bytes de RAM.
Alguns jogos foram programados para
um equipamento chamado StarPath
Supercharger, um cartucho com memória flash de 6kB que carregava a
informação do ROM usando uma fita cassete. DragonStomper,
um RPG muito primordial, foi o maior jogo do SuperCharger, usando 128 kB de
ROM.
Homestar Runner, um RPG moderno, apesar de ser
apenas um protótipo, usa um
cartucho com 256 kB de ROM e 256 bytes de RAM.
Durante a vida do console, a Atari
Inc e a Atari Corp. publicaram muitos jogos que se tornaram os jogos mais
conhecidos de todos os tempos. Esses jogos incluem Adventure, Breakout e Yars' Revenge. A popularidade do console
atraiu muitos desenvolvedores independentes, dos quais produziram muitos jogos
populares como o Pitfall! da Activision, e o Atlantis da Imagic. Porém, dois jogos produzidos pela
Atari, E.T.
the Extra-Terrestrial e Pac-Man,
são frequentemente culpados por iniciar o grande crash dos
videogames de 1983.
Após 1986, o mercado dos videogames começou a
declinar, a produção foi diminuindo devido a popularização dos
microcomputadores com capacidades gráficas e sonoras superiores a do Atari,
como os micros TK90X e TK95, os CP-400, os micros da linha MSX, dentre outros.
Então, no fim da década de 80, o Atari deixou de ser produzido.
O Atari 2600 destacou-se não apenas no aspecto
comercial, mas foi muito mais além, representando muito aprendizado e
desenvolvimento tecnológico, influenciando a indústria de jogos da atualidade,
como também marcou a memória de muitos e muitos jovens da época, que guardarão
as emoções vividas naquela época para sempre.
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